RADIOGRAFIA DE POETA
reverto o pó da essência
ao papel da existência
encontro-me
na pouca porção
que faz o muito
de toda gente
a escrita me habita
com suas promessas
de eternidade
sou mesmo esse bicho estranho
de trezentas e sessenta cabeças
deu-me Deus
de suas entranhas
ser o outro nos outros
à despeito
dos muitos outros
que sou
ao papel da existência
encontro-me
na pouca porção
que faz o muito
de toda gente
a escrita me habita
com suas promessas
de eternidade
sou mesmo esse bicho estranho
de trezentas e sessenta cabeças
deu-me Deus
de suas entranhas
ser o outro nos outros
à despeito
dos muitos outros
que sou
Paulo Ednilson
DIGITAIS
minto o medo
mato o mito
meço a covardia
na coragem
da fuga
o crime
seria perfeito
se não levasse
impressas
no peito
as digitais
do teu amor
mato o mito
meço a covardia
na coragem
da fuga
o crime
seria perfeito
se não levasse
impressas
no peito
as digitais
do teu amor
Paulo Ednilson
FUGA
cala no peito
um grito que a voz
não alcança
um grifo na aurora
um intervalo indecifrável
entre a luz e a escuridão
outros olhos
nos meus olhos
outras vozes
na minha voz
algo inquieto
e indizivel
mas, contudo,
de uma sensação
espetacularmente aprazível
como repuxo de maré
ventarola beijando mar
depois da tempestade
sol se abrindo
depois da chuva
cão vadio
perambulando sem coleira
livre da colera das horas
é nesse intervalo
que está presa
e vez ou outra
me escapa
a poesia
um grito que a voz
não alcança
um grifo na aurora
um intervalo indecifrável
entre a luz e a escuridão
outros olhos
nos meus olhos
outras vozes
na minha voz
algo inquieto
e indizivel
mas, contudo,
de uma sensação
espetacularmente aprazível
como repuxo de maré
ventarola beijando mar
depois da tempestade
sol se abrindo
depois da chuva
cão vadio
perambulando sem coleira
livre da colera das horas
é nesse intervalo
que está presa
e vez ou outra
me escapa
a poesia
Paulo Ednilson
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